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A igreja e os jovens de hoje

O Cardeal Jean-Marie Lustiger tentou explicar o atual afastamento dos jovens da frequência à igreja, hoje muito menor do que uns 50 anos atrás. Não se trata de uma ruptura entre a Igreja e os jovens, de uma incompatibilidade; o problema é que os jovens não têm lugar na sociedade de hoje. Isto não é uma acusação, é apenas um dado estatístico, que nos leva a uma reflexão sobre três pontos apresentados pelo cardeal Lustiger.

1° Ponto. Nós temos os jovens que nós merecemos.

Os jovens de hoje não são realmente amados (desculpem-me este cruel comentário); no âmago do Ocidente, os jovens não são desejados como um dom de Deus e, consequentemente, não são bem-vindos; não são considerados como o futuro que livremente nos é concedido.

Os casais têm filhos só na medida em que dispõem de recursos para os ter, exatamente como se faz para comprar um carro novo, uma casa, com a diferença que, para ter filhos, não se fazem empréstimos bancários, hipotecas etc. Portanto, o filho é equiparado a um objeto, é amado como um objeto; com a diferença que é um objeto com vontade própria, com defeitos e reações que podem ser desagradáveis e, por isso, incomodativas. Podem ser desejados ou aborrecidos.

Há pessoas que se recusam a ter filhos porque o mundo já é grande demais e, com filhos, não há tempo para curtir o mundo. Eles sabem que não são desejados por si mesmos, sabem que não têm o seu lugar. E, como resultado, não têm o desejo de aceitar os valores que nós queremos lhes transmitir. Sentem-se rejeitados por esses valores.

2° Ponto. A geração moderna está profundamente ferida, no seu equilíbrio psicológico e na sua personalidade.

Os mais evidentes sinais deste fato são a difusão da droga, a delinquência juvenil e o grande número dos marginalizados, homossexuais, sem estímulos e desrespeitados. Se alguém deseja transmitir a fé a um jovem, logo se coloca o problema da salvação. A salvação é um longo processo, tão necessário como difícil de comunicar aos jovens, de modo a ultrapassar e esquecer os traumas que sofreram já na sua vida emocional.

3° Ponto. Nós vivemos numa sociedade de consumo: a meta da produção é exatamente o consumo.

Se os desejos crescem, o mesmo tem que acontecer à produção. A promoção dos desejos sexuais, presentemente, tornou-se uma realidade comercial. Como se vê por toda a parte, a permissividade em matéria de sexo teve como resultado o maior consumo de certa produção social. O sexo e o dinheiro são as duas metas mais fortes pelas quais os jovens se deixam aprisionar e estão numa absoluta relação de interdependência.

Os jovens são a maior força que promove o consumo na sociedade. A sociedade como um todo não pode fornecer razões para viver, e a Igreja, à qual pertencem as famílias e os chefes do mundo de hoje, parecem ser parte dessa sociedade.

Não se pode comunicar a fé aos jovens se os seus pais não quiserem aceitar viver uma vida cristã em plenitude. O Cristianismo não pode se limitar a ser apenas uma parte, às vezes muito insignificante, da vida. Não se pode fortalecer a fé apenas com mais uma hora, como se faz nas escolas; se a fé não transforma toda a vida dos jovens, logo eles encontrarão as contradições da vida.

Precisamos descobrir um estilo de viver em que se dê vida e em que se abrace a vida. Não se pode conceber uma sociedade cristã separada da outra sociedade. Essa foi a tentação dos "hippies" dos anos 60 e 70, que sonhavam com um amor universal separado da sociedade convencional, que eles rejeitavam.
Não se pede aos cristãos que voem, que fujam, que se isolem, mas sim que sejam mais ativos, de modo a transformarem a sociedade, como um fermento: "Não sabeis que um pouco de fermento pode levedar toda a massa?" (1 Cor. 5/6).

O amor cristão deve ser suficientemente forte para sobreviver numa sociedade que condena o amor, deve ser capaz de amar até os próprios inimigos. Ser cristão é um compromisso muito árduo, que exige um grande desprendimento, é um "negócio" muito sério, e empenha o seu tempo.

Na maior parte das igrejas, nas Missas dominicais e noutras, normalmente os leitores são quase exclusivamente pessoas aposentadas, portanto já idosas. Salvo o devido respeito por essas pessoas, incluindo-me eu próprio, por que é que se não faz uma chamada mais insistente aos jovens, que talvez até saibam ler melhor porque têm cursos de formação, chamando-os assim a partilhar mais ativamente na Liturgia da Igreja?

Com raras exceções, não há cursos e atividades nas paróquias para os jovens, tornando-os assim praticamente inúteis, quando eles são a maior força da sociedade e o futuro da Igreja. Se não estiverem ativos em práticas de formação cristã e moral, automaticamente procurarão atividades provavelmente condenáveis.

O Papa Bento XVI reconheceu isto, alertando a Igreja a que atraia as pessoas, especialmente os jovens, para a prática da Missa Dominical. É através da Missa Dominical que se convocam as pessoas para as atividades de formação religiosa e moral. Não será esta falta de atividade por parte dos jovens, um forte e drástico Sinal dos Tempos modernos? Precisamos de mais organizações para os jovens, sobretudo a partir da recepção do Sacramento da Crisma.

Talvez a preparação dos acólitos das Missas dominicais - os antigos "coroinhas" - fosse uma boa oportunidade para dar à celebração uma nova dimensão litúrgica e atrair os mais jovens para um encantamento pastoral e um caminho para as vocaçãos sacerdotais. Uma opção para rever em alta.

 
  John Nascimento
Estudante

Artigo publicado em 16/02/2013


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